O melhor polvo é o que podemos comer nas feiras, nos mercados que têm lugar nas diferentes localidades galegas. Nesse sentido, no interior da Galiza o polvo tem mais qualidade, nomeadamente em lugares das províncias de Lugo e Ourense. É claro que isto é uma opinião subjectiva minha, mas anos de experiência assim o têm demonstrado. O problema é que nem sempre é possível achar uma feira ou um mercado onde encontrar as famosas polbeiras. E o turista normalmente visita mais a zona costeira da Galiza do que o interior. Mesmo assim, é possível achar bons lugares onde comer esta deliciosa iguaria. É o caso da Pulpería Pichi, na localidade do Grove, uma das más turísticas da região do Salnés, na província de Pontevedra, nas Rias Baixas.
NOME: Pulpería "Pichi"
ENDEREÇO: Rúa da Pratería 59
LOCALIDADE: O Grove (Pontevedra), Galiza.
TIPO DE COZINHA: Cozinha galega.
VALORAÇÃO: 15/20
PREÇO MÉDIO: 10 EUR/prato de polvo.
CARTÕES:----
A pulpería "Pichi" encontra-se nas ruas interiores da localidade do Grove. Não fica muito longe do porto, mas não está na primeira linha, lugares onde normalmente estão situados os restaurantes mais vocacionados para o turista. A localidade fica a uns 80 km. de Santiago e 65 de Vigo. É, ademais, uma vila muito visitada pelos portugueses e é fácil encontrar lá os jornais nacionais.
A cozinha é uma cozinha básica. Não vamos encontrar aquí nem delicatessen nem uma cozinha de design. A ementa está baseada em pratos simples e sem muita complicação. Recolhe o essencial da cozinha galega: polvo, caldo galego, saladas e pratos de carne e peixe sem muitas pretensões. O local resulta ideal para almoçar ou jantar com amigos, nomeadamente no verão, se bem é preciso reservar, caso seja um grupo grande, ou ficar à espera. Não deve haver muitos problemas se for um almoço à dois. O restaurante fica numa no final de uma rua e é comprido, tendo duas entradas, a uma e outra rua paralela. É um bocado estreitinho e até incomodativo às vezes, mas vale a pena pela qualidade e a limpeza.
Pode-se começar por uns entrantes, caso o polvo não for suficiente para encher os nossos estómagos. Se optarmos por um entrante light, tal vez uma salada mista chegue, tendo em conta que na Galiza, como aliás no resto de Espanha, o conceito "salada mista" envolve mais do que uma salada de alface e tomate. Normalmente implica, para além do alface, do tomate e da cebola, o atum, espargos brancos e ovo, pelo que uma dose anda pelos 6-7 EUR, mas é abundante e chega para um grupo de quatro pessoas. Outra opção, se estivermos na época, é deliciarmo-nos com os pimentos de Padrão (pementos de Padrón, em galego) que, como diz a cantiga: Uns pican e outros non. Estamos aqui a falar de pimento frito temperado com sal marinho grosso, cujos cristais colados ao pimento lhe dão um sabor característico. Normalmente não picam, mas sempre é possível encontrar algum traidorzinho entre eles. Felizmente, da última vez que cá estive não houve nenhum. Também se pode acompanhar com uma dose de batatinha frita galega, dependendo do exigentes que sejam os nossos sucos gástricos. A dose de batatinha fica pelos 3-4 EUR, bem como a dose de pimentos.
Já o polvo deve ser o rei da nossa refeição. Ao mastegá-lo deve estar terninho, com o prato com um bocadinho de molho da cozedura no fundo e o azeite e o colorau, como acontece nesta pulpería. Mesmo que não esteja nas normas geralmente aceites da etiqueta, podemos meter o pão no molho, que está delicioso.
Peça um vinho Albariño da casa. O mais provável é que seja, como no meu caso, um vinho comprado aos viticultores da região, sem qualquer etiqueta na garrafa, mas de uma qualidade insuperável. O preço, no verão de 2007 ficava pelos 9 EUR/garrafa, o que não é um preço lá muito elevado se tivermos en conta a qualidade. O vinho é um vinho que entra facilmente e resulta óptimo para uma refeição de polvo.
A sobremesa é também simples, mas pode ainda provar a Tarta de Santiago, uma tarte de amêndoas típica de Galiza. Finalize com um cortado, café típico espanhol que cá por estes lados da Galiza, e, em geral, o Noroeste, é um café intenso e saboroso, graças ao bom leite e à água, e que combina bem com este tipo de refeições. Prove ainda, se tiver forças, um oruxo de Galiza, um bagaço, feito de uva de castas autóctones. É um licor forte, pelo que não resulta indicado para quem não estiver acostumado.
O preço médio deverá ficar entre 15-18 EUR/pessoa, dependendo dos entrantes e se se consumiu vinho ou não, mas pode-se ter a garantia de sair tendo comido à fartazana, num ambiente familiar, onde os empregados de mesa, da mesma família, são atenciosos com o freguês.
Depois, se o dia estiver bom, nada melhor que um passeio por alguma das praias da península do Grove, com vistas à ria de Arousa ou às ilhas atlânticas de Sálvora ou Ons ou visitar ainda a ilha da Toxa. E, se calhar, depois não deixe de tomar banho na praia da Lanzada, uma das mais famosas da Galiza.

Foto: Rua onde está situada a pulpería "Pichi", que fica à esquerda no primeiro plano.
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